Esquecidos e Superestimados
Gurgel, RodrigoÉ salutar, por sua vez, que numa nação haja um número significante de indivíduos com inteligência ao menos mediana, cuja formação dê estímulo ao que se produz, ou o ecoe, e o que seja produzido venha acompanhado de senso de dever, de prestação de contas ao leitor; que seja algo feito para ser lido, entendido e apreciado, e assim não se abram espaços largos aos narcisismos e solipsismos literários de que fala o crítico Rodrigo Gurgel nos textos que compõem seu primeiro livro, Muita retórica – Pouca literatura (de Alencar a Graça Aranha), e nos espraiados em dezoito capítulos deste que leva um título que por si mesmo é bem elucidativo, Esquecidos & superestimados .
Como esse é também um assunto de que se ocuparam outros escritores, é inevitável que Gurgel tenha ou antecessores ou companheiros de viagem com a mesma percepção. Se este tem como interesse a prosa, a qual não se restringe à de ficção, uma vez que abrange a ensaística, a de reflexão, obras sobre história, de filosofia etc. – mas que têm em comum o terem se destacado bem ou mal estilisticamente –, outros há, como Bruno Tolentino, que se dedicaram ao mesmo assunto no exame da lírica: “De que modo dar um sentido mais puro à língua que um só homem, ou dois, ou mesmo três, falam sozinhos?”.